Esquizofrenia

Nunca fui boa em falar as coisas, sempre preferi escrever, embora ouvir qualquer um ouve e ler, só quem quer, mas eu não quero gritar nada aos quatro cantos do mundo também, só quero gritar pra fora de mim. Eu sempre assim, nunca soube lidar e duvido que um dia eu aprenda, mas sigo tentando.

Eu te disse desde o início que era difícil lidar comigo, com esse meu sentimentalismo, com essa minha carência e eu achei que você estava disposto a tentar, me enganei, aliás, me enganou, enganou logo a mim que sempre me julguei esperta, que achava que já tinha aprendido…errei.

Não sei bem sobre o que eu vim falar, aliás, eu nunca sei, detesto roteiros, sou movida por impulso, sabendo que tudo que é feito por impulso, tem uma chance enorme de resultar em erros. Mas sabe, é que dessa vez parecia realmente que ia ser diferente, eu juro que eu estava acreditando nisso, eu, que nunca acredito nesse tipo de coisa, agindo como se eu tivesse uns quinze anos, tantos anos depois, é, eu nunca aprendo.

E aliás, porque eu me importo com isso? Se quem importa, não se importa, não sou eu que devo perder meu tempo e horas de sono, não mesmo. Mas acontece que falar é fácil, o pensamento não é algo que a gente tenha controle, eles tem vida própria, pensam no que querem, pensam em quem querem, criam cenas, criam momentos, tudo ali, na imaginação, sem a gente sequer autoriza-lo a fazer isso.

Então tá, chega antes que eu fique esquizofrênica…mas eu não ligo…me liga?

Tarde demais, fiquei já…e tchau radar, vamos adiante.

Contradição, contra-indicação.

Eu estava indo, você não saia do lugar.

Eu estava pensando, você estava realizando.

Eu queria mais, você se limitava.

Eu acreditei, você mentiu.

Eu fiquei, você foi embora.

Eu esperei, você continuou vivendo.

Eu desisti, você nem chegou a tentar.

Eu cai, você me empurrou.

Eu tossia, você fumava outro cigarro.

Eu mudei de canal, você mudou toda a programação.

Eu queria, você fingia.

Eu tinha certeza, você era feito de duvidas.

Eu queria verdades, você era de mentira.

Eu queria ter alguém, você tinha.

Você tinha a mim, e eu não tinha ninguém

Mudanças part. II

(É mais um daqueles velhos casos de escrever um texto, e um tempo depois, discordar de cada vírgula ali escrita)

Normalmente, eu não acredito nessas mudanças, porque quando eu acredito, as coisas mudam de novo, e eu fico sem nada.
Relendo coisas que escrevi a um tempo atrás, me surgem infinitas interrogações na cabeça, e a certeza de que é melhor continuarem sendo interrogações, porque a verdade machuca mais do a duvida, a maioria das vezes.
Costumo ter medo de quando algo parece certo demais, mas dessa vez não, eu tinha vencido meu medo.
“Você tinha medo, eu não. Você tinha algo, eu não tinha ninguém.”
Mas eu já deveria saber de outros carnavais que as pessoas mudam, ou eu não as conhecia tão bem como acreditava conhecer.
Honestamente, eu queria estar fazendo qualquer outra coisa que não fosse escrever isso aqui, mas é algo que eu precisava fazer.
É engraçado esse ciclo: Desconhecidos viram amigos, amigos viram amores, amores voltam a ser desconhecidos, e foge do meu controle o andamento desse ciclo, tentei algumas vezes “pará-lo”, mas não dependia só de mim.
Pode não fazer pra vocês, o sentido que estas palavras fazem pra mim, pois eu se quer sei se é um texto ou um desabafo.
E vamos viver.